segunda-feira, 30 de maio de 2016

Coke La Rock e Píndaro

Em hexâmetros ou pentâmetros, o epíteto facilitava a forma original da poesia grega: a oral. Como o orador , o poeta recitava; por mais fabulosa memória que possuísse, era-lhe impossível manter o poema inalterado. O epíteto, no original a repetição de uma ideia normalmente  associada a uma personagem, ombreia com fórmulas  bem descritas da poesia épica oral. Acaba por dar origem ao refrão, na bela síntese  de Parry:  Far from being formulas by which he would regularly express his idea under certain metrical conditions, these phrases were to him fine expressions which his mind had kept solely for their beauty, and which the chance of his verse now let him use  ( 1930 , Harvard Studies in Classical Philology 41:73–148)

O rap tem a raiz oral mais diferenciada do que outros estilos contemporâneos. A origem do rap - batida - reporta-se a conversa, responder a uma pergunta. Sim, os campos de algodão, os escravos, a tradição negra, mas o rap nasce na cidade. E aí  a urb, do muro grego fundador.
 Seja como for,   basta  a um português ler as descrições de Serpa Pinto, Capelo e Ivens, Galvão. Nas sanzalas, em volta do soba,  a tradição oral  é evidente. Píndaro e Homero de volta da fogueira.

Anos 70, EUA, Coke La Rock:

There’s not a man that can’t be thrown, not a horse that can’t be rode, a bull that can’t be stopped, there’s not a disco that I Coke La Rock can’t rock”.