quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Hofmannsthal-Rilke, discussões

A 1 de Novembro de 1905, em Viena, Hofmannsthal escreve  a Rilke. Correspondiam-se muito , mas nessa carta  há um facto notável. Rilke tinha enviado  três poemas para a Neue Rundschau e Hofmannsthal agradece, mas pergunta-lhe: porquê pôr esses versos em prosa?
Claro que sempre existiu, mas a prosa poética na  altura ainda não era muito comum se bem que vários consagrados  a usassem:  de Novalis a Heine, Eliot , o próprio Rilke etc
Aproveite-se  um poema ( Namen) de Hofmannsthal em que ele  responde à pergunta que fez ao amigo ( trad de Jean-Yves Masson):

Viége est le nom d'une rivière écumante. Goethe est un autre nom.
Là le nom vient de la chose; ici celui qui le porte en a créé la résonance.

 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Casais Monteiro: fallando comsigo

Pessoa escreve-lhe no português da altura  ( não se pode mudar  a língua. não é?):  como se estivesse fallando comsigo, para que possa escrever immediatamente.
Casais Monteiro fala como estivesse na nossa sala, recostado num sofá, um cigarro na mão, o olhar no tecto:

Não tenho remorsos do passado. O que vivi, vivi.
Tenho, talvez, desprezo
por esta débil haste que raramente soube
merecer os dons da vida,
e se ficava hesitante
na hora de passar da imaginação à vida

( in Sempre  e Sem Fim, 1937)

sábado, 15 de outubro de 2016

O outro Dylan : impostos sobre o ar

Que certamente muitos indignados  com o actual Dylan ( nele se inspirou)  nobelizado estão fartos de ler. É um freguês  frequente das minhas perambulações blogueiras e hoje escolho o poema que titulou uma (já) velhinha edição  ( A mão ao assinar este papel, Assírio, 1998)  organizada  e prefaciada por Fernando Guimarães:

The hand signed this paper felled a city;
Five sovereign fingers taxed the breath,
Doubled the globe of dead and halved a country;
These five kings did  a king to death. 

Sim, Guimarães traduz correctamente ( breath-respiração), mas prefiro o ar.
Ide ler o resto do poema.