segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Casais Monteiro: fallando comsigo

Pessoa escreve-lhe no português da altura  ( não se pode mudar  a língua. não é?):  como se estivesse fallando comsigo, para que possa escrever immediatamente.
Casais Monteiro fala como estivesse na nossa sala, recostado num sofá, um cigarro na mão, o olhar no tecto:

Não tenho remorsos do passado. O que vivi, vivi.
Tenho, talvez, desprezo
por esta débil haste que raramente soube
merecer os dons da vida,
e se ficava hesitante
na hora de passar da imaginação à vida

( in Sempre  e Sem Fim, 1937)