A 1 de Novembro de 1905, em Viena, Hofmannsthal escreve a Rilke. Correspondiam-se muito , mas nessa carta há um facto notável. Rilke tinha enviado três poemas para a Neue Rundschau e Hofmannsthal agradece, mas pergunta-lhe: porquê pôr esses versos em prosa?
Claro que sempre existiu, mas a prosa poética na altura ainda não era muito comum se bem que vários consagrados a usassem: de Novalis a Heine, Eliot , o próprio Rilke etc.
Aproveite-se um poema ( Namen) de Hofmannsthal em que ele responde à pergunta que fez ao amigo ( trad de Jean-Yves Masson):
Viége est le nom d'une rivière écumante. Goethe est un autre nom.
Là le nom vient de la chose; ici celui qui le porte en a créé la résonance.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Casais Monteiro: fallando comsigo
Pessoa escreve-lhe no português da altura ( não se pode mudar a língua. não é?): como se estivesse fallando comsigo, para que possa escrever immediatamente.
Casais Monteiro fala como estivesse na nossa sala, recostado num sofá, um cigarro na mão, o olhar no tecto:
Não tenho remorsos do passado. O que vivi, vivi.
Tenho, talvez, desprezo
por esta débil haste que raramente soube
merecer os dons da vida,
e se ficava hesitante
na hora de passar da imaginação à vida.
Tenho, talvez, desprezo
por esta débil haste que raramente soube
merecer os dons da vida,
e se ficava hesitante
na hora de passar da imaginação à vida.
( in Sempre e Sem Fim, 1937)
sábado, 15 de outubro de 2016
O outro Dylan : impostos sobre o ar
Que certamente muitos indignados com o actual Dylan ( nele se inspirou) nobelizado estão fartos de ler. É um freguês frequente das minhas perambulações blogueiras e hoje escolho o poema que titulou uma (já) velhinha edição ( A mão ao assinar este papel, Assírio, 1998) organizada e prefaciada por Fernando Guimarães:
The hand signed this paper felled a city;
Five sovereign fingers taxed the breath,
Doubled the globe of dead and halved a country;
These five kings did a king to death.
Sim, Guimarães traduz correctamente ( breath-respiração), mas prefiro o ar.
Ide ler o resto do poema.
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